Filho,
hoje em dia existe um debate muito grande sobre como é o parto “ideal”. Bem, na verdade tudo o que é ideal ou idealizado não existe, porque foi concebido apenas no mundo das ideias. Quando o que é ideal vem para o mundo real, termina mudando um pouco para se adequar às limitações do mundo em que vivemos.
Pois bem, hoje em dia as pessoas acham que o parto ideal é o parto normal (quando não é preciso abrir a barriga da mãe para tirar o bebê) e humanizado. E “humanizado” é uma palavra que fica tão esquisita nesse contexto, pois faz parecer que os outros tipos de parto são feitos por seres que não são humanos.
Eu acredito, filho, que o melhor tipo de parto é o parto com o amor.
Não importa quando, como, nem onde. A única coisa importante mesmo, é que tenha muito amor. E no seu nascimento, filho, isso não faltou. Teve até risada.
Eu e seu pai simplesmente amamos o médico que escolhemos para acompanhar a sua chegada ao mundo. Passei por tanta dor durante a tentativa de indução do parto que morri de amores quando vi o anestesista. Meu amor pelo seu pai também só cresceu, de vê-lo ao meu lado mesmo durante o meu momento de teimosia, em busca da descoberta do que é uma contração, e da certeza de que não havia mesmo nada nesse mundo que fizesse você nascer de parto natural.
E enquanto o médico tirava você de dentro da minha barriga, eu, seu pai e ele dávamos risada da minha teimosia. Quando você nasceu, a primeira coisa que o médico me disse foi que você era lindo. Eu dei risada, porque sei que ele diz isso para todas. Mas ele me garante que não.
Hoje eu tenho a mais absoluta certeza, filho. O médico estava certo. Sim, você é lindo.